Augusto Cury fala sobre a ansiedade, seus malefícios à vida e explica o conceito de gatilhos e janelas killer e light para ansiedade. Entenda.
Augusto Cury é psiquiatra e um dos escritores brasileiros mais vendidos da atualidade. Seu trabalho, nos últimos tempos, tem se voltado ao tema que foi cunhado por ele mesmo como ‘mal do século’ e que assombra milhões de pessoas por todo mundo: a ansiedade.
Por isso, vamos dedicar esse texto às falas deste importante escritor e psiquiatra brasileiro, parafraseando suas ideias extraídas do livro ‘Ansiedade: o mal do século’.
Ansiedade: o pensamento ligado 24 horas por dia
Seria impensável deixarmos nosso carro ligado 24 horas por dia, tanto pelo dano que faria a si mesmo quanto pelos danos que isso causaria ao mundo. Entretanto, é basicamente isso que fazemos com a nossa mente: deixamos que os pensamentos fiquem ‘ligados’ o tempo todo, sem espaço para o diálogo próprio e criando problemas onde eles inexistem.
Segundo Cury, é necessário dar um ‘choque de lucidez’ às nossas angústias, para que não entremos em um looping eterno de pensamentos angustiantes. E isso é no mínimo curioso, pois temos interesse e acesso a milhares de dados do mundo externo, mas não dedicamos a devida atenção e cuidado ao olhar interno sobre as nossas próprias ideias.
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Uma geração que deveria ser próspera emocionalmente
Ao contrário de todos os avanços da medicina e de um mundo moderno mais fácil, em que deveríamos ser mais satisfeitos e seguros, somos a geração com mais problemas emocionais e que mais enfrenta transtornos mentais como a depressão e a ansiedade. Estima-se que 1 em cada 2 pessoas enfrentarão um transtorno mental. Isto é assustador e tem muita relação com a Síndrome do Pensamento Acelerado, que nos transforma em máquinas de pensar, mas sem propósito.
“Pensar é bom. Pensar com consciência crítica é ótimo. Mas pensar demais, sem gerenciamento, é uma bomba contra a saúde emocional.”
Ele ainda ressalta sobre o impacto desse pensamento acelerado sobre o nosso sono, fazendo com que sonhemos sonhos ansiosos, gerando ainda mais confusão do que lucidez, e que acordemos cansados, justamente por esse “gasto de energia emocional inútil”, fruto do pensamento descontrolado, que esgota o cérebro.
Como resultado disso, existe um excesso de sintomas de ansiedade, como dores de cabeça, tensão muscular e até mesmo queda de cabelo, que servem como um pedido de socorro do nosso cérebro em virtude da exaustão emocional.
Quantidade de dados Versus Qualidade do pensamento
Augusto Cury ainda traz uma provocação interessante acerca da quantidade de dados que temos disponível na atualidade versus a nossa capacidade de fazer algo novo com eles.
Segundo ele, nos acostumamos a ter um padrão de pensamentos que são tão viciantes quanto drogas e que nos tira do brilhantismo da vida humana, quando não nos permitimos mais ousar por medo do fracasso e da frustração, transformando-nos em seres opacos. É preciso ter a capacidade de apostar em si e reconstruir a sua própria história.
A singularidade humana não estaria na quantidade de dados e informações que consegue processar, mas o que se consegue fazer com esses dados e como o faz.
Uma quantidade enorme de tijolos seria somente uma quantidade enorme de tijolos, o que os diferencia de outras pilhas é a capacidade de um arquiteto de organizar esses tijolos e fazer uma bela obra. Nesta metáfora, ele comparou dados e informações aos tijolos.
A era de mendigos emocionais sem higiene mental
Estamos vivendo em uma era de mendigos emocionais, que imploram por mais estímulo para conseguirem se nutrir de prazer. Isso afeta diretamente as crianças e adolescentes, muitas vezes diagnosticadas erroneamente com déficit de atenção, sendo que, na realidade, estão viciadas em estímulos que não permitem a visualização do simples e do fracasso como aprendizado.
Segundo Cury, é preciso fazer uma higiene mental, através da arte da dúvida, da crítica de suas próprias verdades, do seu sentimento de incapacidade, de seus pensamentos perturbadores e mórbidos e da passividade do eu, que nos torna meros espectadores de nós mesmos e de nossas frustrações. Somente assim é possível realizar a viagem para dentro de si mesmo, o que nos ajuda demais com o controle das emoções. Entretanto, não conseguimos realizar essa viagem, pois estamos ocupados demais perdidos em pensamentos acelerados e apenas reagindo abruptamente aos estímulos externos. E isso deve ser um trabalho diário.
Os gatilhos e as janelas light e killer: o método para o controle da ansiedade
Augusto Cury traz a noção de gatilhos, janelas light e killer, âncora e autofluxo para a gestão emocional e controle da ansiedade.
De acordo com essa metodologia, a ansiedade surge através de gatilhos, que são situações que despertam emoções. Essas emoções estão presentes nas janelas light, que são benéficas e trazem sentimentos bons e afetuosos e nas janelas killer, que podem ser traumáticas e liberam raiva, angústia e frustração. Quando uma dessas janelas é aberta, pode ocorrer o ancoramento da consciência no que foi aberto ali, colocando a mente em um autofluxo de pensamento.
No caso das janelas light, esse autofluxo vai ser de reações prazerosas com bom sentimentos e tranquilidade. Já se uma janela killer se abre e ocorre seu ancoramento, o autofluxo vai desencadear uma série de pensamentos negativos sobre aquele evento específico, fruto de frustrações passadas que ficaram registradas em nossa memória no passado.
Tratando as janelas killer e a ansiedade com a higiene mental: um trabalho constante
Para Cury, realizar a higiene mental e ser autocrítico quanto aos pensamentos que invadem a nossa cabeça, principalmente em relação às janelas killer, é fundamental para que controlemos a ansiedade e mudemos os padrões de pensamento, ressignificando as emoções e reações geradas por determinados gatilhos.
Portanto, exercitar os pensamentos, a auto-observação, autocuidado e a afetuosidade consigo mesmo é um trabalho necessário para que sejamos menos ansiosos, bem como contar com a ajuda de um profissional de saúde mental que é a pessoa mais indicada para ajudar você nessa missão.