Todo mundo já ouviu falar sobre pessoas que sofrem de autismo. Mas afinal, o que torna alguém “autista”? Do que se trata esse transtorno? Entenda as características do autismo aqui.
O que é o Transtorno do Espectro Autista
O que informalmente chamamos de autismo, na medicina se chama de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Trata-se de uma condição que afeta crianças e adultos, que por definição sofrem de dificuldades persistentes na comunicação e interação social, além de apresentarem padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos, interesses ou atividades.
O termo “espectro” se refere justamente aos diferentes graus de apresentação da doença, dentre os quais o indivíduo é classificado assim que recebe o diagnóstico. O tratamento e a forma de lidar com cada um também depende desse grau, o que reforça a importância de um diagnóstico e uma avaliação de qualidade.
Os sinais do transtorno costumam aparecer com um desenvolvimento anormal entre 1 e 3 anos de idade, mas pode se manifestar somente mais tarde.
- Vale ressaltar que o desenvolvimento físico dos indivíduos que sofrem com o autismo é normal, porém eles apresentam grande dificuldade para manter ou construir relações sociais, tendendo a viver em um mundo “isolado”.
Características
O TEA é causado por múltiplos fatores, sendo eles genéticos e não genéticos. Meninos são comumente mais afetados que as meninas, numa proporção de 4 meninos para cada 1 menina. O comprometimento cognitivo vai depender do espectro em que cada um se encontra, mas de uma forma geral, cerca de 50% dos pacientes têm deficiência intelectual e os outros têm uma capacidade cognitiva na média ou acima da média. Alguns podem apresentar um perfil cognitivo irregular, com alguns pontos fortes e outros fracos no teste cognitivo.
Quantos às características da doença, elas vão depender da idade em que se observa, a saber:
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Desenvolvimento inicial (primeiros três anos de vida)
Quando manifestada na primeira infância, as características do autismo costumam ser percebidas pelos próprios pais, conforme percebem que a criança não faz contato visual com a mãe ao amamentar, por exemplo, ou que aceitam bem outras pessoas, mesmo após os oito meses de idade quando é esperado que as crianças passem a estranhar o colo de pessoas estranhas. Essas crianças podem se muito difíceis de amamentar e podem apresentar um comportamento muito quieto e calmo, ou serem muito agitados e difíceis de lidar.
Outras características do autismo nessa idade incluem:
- Brincar por horas sozinhos e de forma não funcional com o mesmo brinquedo, por exemplo somente olhando um mesmo objeto;
- Dificuldade em aceitar alimentos de texturas diferentes (tornando difícil o processo de troca do leite materno para os alimentos sólidos);
- Dificuldade em direcionar e associar o olhar ao objeto a que está sendo apontado e/ou indicado;
- Não apresentar interesse em brincar com os pais ou com outras crianças;
- Não trazer e mostrar brinquedos e livros aos pais como as outras crianças;
- Apresentar interesse específico sobre itens incomuns para a sua idade ou mesmo colecionar/ acumular esses itens;
- Atraso no uso dos gestos (como fazer sim e não com a cabeça, acenar, mandar beijo etc.);
- Apresentar agitação demasiada quando trocam de ambientes (como sair de casa);
- Movimentos repetitivos e/ou desenvolver posturas incomuns com as mãos ou com o corpo todo;
- Atraso na fala de palavras isoladas ou frases simples;
- Perda/ regressão de habilidades de linguagem previamente adquiridas;
- Expressões faciais, atitudes e gestos que não condizem com como se sentem.
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Crianças maiores:
As características descritas acima podem permanecer em crianças maiores e que recebem o diagnóstico mais tardio. Nessa fase, as dificuldades na comunicação social, principalmente no ambiente escolar, se tornam mais evidentes. O que resulta muitas vezes em falta de amizades ou desentendimentos constantes com os colegas.
Além disso, as crianças podem apresentar comportamentos motores repetitivos e interesses sensoriais (no toque, no cheiro ou no sabor) obsessivos, que interferem no seu processo de aprendizagem. As dificuldades com as mudanças também podem estar acentuadas nessa fase.
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Adultos
Apesar de dificilmente chegarem na idade adulta sem um diagnóstico previamente estabelecido, os adultos com TEA apresentam espectros bastante variados, podendo necessitar de suporte e cuidados por toda a vida ou até morarem sozinhos, ou mesmo ter um relacionamento estável e filhos.
Existem poucos estudos com as características do autismo na vida adulta, no entanto se sabe que a transição para a vida adulta, assim como os outros períodos de incerteza da vida, podem gerar muita ansiedade e sofrimento para as pessoas que sofrem com o TEA. Nesses momentos, é imprescindível que estejam acompanhados por profissionais qualificados para que o processo seja o menos traumático possível.
Diagnóstico e Identificação
Como vocês podem ver, o autismo pode apresentar características que afetam profundamente a vida da pessoa que porta essa condição, assim como das pessoas com quem ela convive. Por isso, o diagnóstico correto e precoce é fundamental para que se busque formas adequadas de melhorar sua comunicação e função social de forma que haja o menor impacto possível da doença no seu processo de aprendizagem.
O diagnóstico de TEA deve ser realizado por profissionais devidamente treinados para tal, e de preferência que façam parte de equipes multidisciplinares. A avaliação é feita através de uma história do neurodesenvolvimento, uma entrevista padronizada e uma avaliação observacional. Observar a criança em contextos diferentes, como na escola, também pode ser muito útil.
Por isso, se você suspeita de algum caso de autismo na sua família, não hesite em pedir ajuda. O tratamento psiquiátrico ou psicológico é fundamental para a qualidade de vida de quem possui o transtorno e de todos à sua volta. Fale com um especialista para saber mais.