Como você está dormindo? O sono é tão importante para a boa saúde quanto os alimentos que ingerimos. O corpo não funciona bem se está privado de repouso. Se não equilibramos atividade e repouso, enfraquecemos o organismo e disto advêm outras consequências físicas e mentais. Um corpo enfraquecido pode gerar deficiências nas conexões do cérebro, o que nos afetará – e muito.
Muita gente, hoje em dia, está “normalizando” viver sem um sono de qualidade. Seja em virtude de uma carga de trabalho exacerbada, seja por vícios em aparelhos eletrônicos (como TV e celulares), seja por eventuais problemas mentais que as pessoas têm enfrentado (como ansiedade e depressão), a questão é que dormir bem, todas as noites, parece algo cada vez mais difícil de ser atingido.
Pesquisas sobre o sono
Na Europa, pesquisadores monitoraram os padrões de sono de adultos trabalhadores, por cerca de 10 anos, e acabaram descobrindo que: a cada ano, as pessoas passaram a dormir cerca de 4 minutos a menos. Quatro minutos não parecem muita coisa, mas se acumulam. As pessoas estão ficando acordadas até mais tarde ou demorando mais para adormecer, porém continuam se levantando nos mesmos horários.
Em 2020, popularizou-se na China um estilo de vida dos trabalhadores de longas jornadas, que se relacionava a postergar a hora de dormir, como se isto fosse uma “vingança” para que tivessem algumas horas livres. Na prática, significava que após a jornada de trabalho, as pessoas queriam ter mais do que um pequeno intervalo para se alimentar, tomar banho e dormir. Então, o sono era frequentemente sacrificado para que tivessem mais tempo de vida pessoal.
De fato, o que os especialistas têm advertido é que a escassez de tempo de sono é uma epidemia global de saúde pública. A pesquisa Global Sleep, realizada pela Philips em 2019, entrevistou mais de 11 mil pessoas em 12 países. O resultado mostrou que 62% dos adultos pesquisados sentem que não dormem o suficiente — em média por 6,8 horas nos dias de semana, ou seja, menos do que as 8 horas recomendadas.
O sono e a saúde: física e mental
A falta de um sono adequado muda o metabolismo e perturba a capacidade que o corpo tem de processar energia. É possível, por exemplo, apresentar resistência significativa à insulina depois de apenas cinco dias de sono reduzido. Isso significa que o corpo tenta armazenar gordura, pela falta do sono, e isto se traduz em desejo por alimentos calóricos e pouco nutritivos.
Por outro lado, a capacidade cognitiva fica limitada pela falta de sono. A capacidade de atenção, a recuperação da memória e a aprendizagem são muito impactadas, e podem ser sentidas após apenas uma noite mal dormida. Podemos fazer o exercício de recordar momentos em que após uma noite de festa, nossa experiência foi de ficarmos cansados, distraídos e com raciocínio mais lento no dia seguinte.
Dormir pouco também tem relação com uma variedade de transtornos físicos, mentais e de comportamento. Problemas como ansiedade, depressão, bipolaridade e esquizofrenia podem ser causadores de dificuldades para dormir, e de outro lado, dificuldades no sono podem gerar transtornos mentais, numa retroalimentação bastante conhecida pelos especialistas. Para o tratamento, é necessário melhorar a qualidade do sono, ao mesmo tempo em que o transtorno é tratado.
O “jet lag social”
Se dormimos até mais tarde no fim de semana e nos levantamos cedo nos dias úteis, então nossos horários de sono social e de trabalho estão fora de sintonia. Os pesquisadores chamam este fenômeno de “jet lag social”, porque reproduz no organismo o efeito de atravessar fusos horários.
Pessoas que têm experiência em viagens longas sabem o que isto significa. O jet lag pode causar confusão mental, cansaço, problemas digestivos e deixar o indivíduo mais suscetível a estressores emocionais. E os estressores emocionais, por sua vez, podem levar uma pessoa a fazer a ingestão de mais cafeína e álcool, em um ciclo prejudicial para o organismo. Em resumo, um bom sono envolve uma boa rotina.
A higiene do sono e a melhoria da rotina
Para as pessoas que apresentam dificuldade para pegar no sono, criar hábitos de higiene do sono pode favorecer o organismo como um todo. Alguns deles são:
– Preocupar-se em ter uma alimentação balanceada e realizar exercícios físicos durante o dia;
– Deitar-se e levantar-se respeitando os mesmos horários de maneira rotineira;
– Levantar-se da cama caso sinta dificuldade para dormir;
– Não utilizar aparelhos eletrônicos poucas horas antes de deitar-se;
– Adequar o ambiente para a noite de sono, cuidando da temperatura e da umidade;
– Não consumir alimentos pesados e bebidas alcoólicas poucas horas antes de dormir.
Estas são algumas dicas, porém existem muitos fatores que podem ser trabalhados continuamente para realizar melhorias no sono. No Instituto de Psiquiatria Paulista realizamos de tempos em tempos o Grupo de Insônia, que tem como principal objetivo auxiliar as pessoas que enfrentam problemas para dormir. Para saber mais sobre o Grupo de Insônia, clique aqui.
E se ainda sentir a necessidade de procurar ajuda para restabelecer seu equilíbrio e seu sono de qualidade, entre em contato conosco. Estamos prontos para apoiá-lo em momentos como este. Navegue em nosso site e marque uma consulta, caso sinta necessidade.