O autismo afeta crianças e até adultos, dificultando o pleno desenvolvimento. Saiba identificar suas características e o que fazer.
O autismo tem sido um assunto mais frequente entre as pessoas, principalmente nas rodas de pais e mães que preocupam-se acerca do comportamento e da sociabilidade dos seus filhos.
Falar em autismo é algo muito positivo, uma vez que esse transtorno pode trazer sofrimento à criança e à família quando não há o diagnóstico adequado e pode trazer prejuízos à aprendizagem e ao desenvolvimento de habilidades fundamentais aos humanos.
Mas afinal, o que define alguém ‘autista’ ou o que exatamente leva este diagnóstico? Do que se trata esse transtorno? Saiba identificar as características do autismo aqui.
O que é o Transtorno do Espectro Autista
O que informalmente chamamos de autismo, na medicina se chama de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Trata-se de uma condição que afeta crianças e adultos, que por definição sofrem de dificuldades persistentes na comunicação e interação social, além de apresentarem padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos, interesses ou atividades.
O termo ‘espectro’ se refere justamente aos diferentes graus de apresentação da doença, dentre os quais o indivíduo é classificado assim que recebe o diagnóstico. O tratamento e a forma de lidar com cada um também depende desse grau, o que reforça a importância de um diagnóstico e uma avaliação de qualidade.
Os sinais do transtorno costumam aparecer com um desenvolvimento anormal entre 1 e 3 anos de idade, mas podem se manifestar somente mais tarde.
Vale ressaltar que o desenvolvimento físico dos indivíduos que sofrem com o autismo é normal, porém eles apresentam grande dificuldade para manter ou construir relações sociais, tendendo a viver em um mundo ‘isolado’.
O autismo é causado por múltiplos fatores, sendo eles genéticos e não genéticos. Meninos são comumente mais afetados que as meninas, numa proporção de 4 meninos para cada 1 menina.
Como identificar as características do autismo?
Saber o que é o transtorno não é suficiente para o seu diagnóstico. Por isso, é importante conseguir identificar algumas das principais características do autismo a fim de procurar a ajuda certa para o melhor desenvolvimento da criança.
O comprometimento cognitivo vai depender do espectro em que cada um se encontra, ou seja, quais sinais e sintomas são apresentados nas áreas de interação social, comunicação, comportamento e sensibilidade sensorial e seus níveis.
De uma forma geral, cerca de 50% dos pacientes têm deficiência intelectual e os outros têm uma capacidade cognitiva na média ou acima da média. Alguns podem apresentar um perfil cognitivo irregular, com alguns pontos fortes e outros fracos no teste cognitivo.
As características do autismo dependem da idade em que se observa o transtorno, sendo os três primeiros anos de vida os cruciais.
Característica do autismo nos primeiros três anos de vida
Quando manifestada na primeira infância, as características do autismo costumam ser percebidas pelos próprios pais, conforme percebem que a criança não faz contato visual com a mãe ao amamentar, por exemplo, ou que aceitam bem outras pessoas, mesmo após os oito meses de idade quando é esperado que as crianças passem a estranhar o colo de pessoas estranhas. Essas crianças podem ser muito difíceis de amamentar e podem apresentar um comportamento muito quieto e calmo, ou serem muito agitados e difíceis de lidar.
Outras características do autismo nessa idade incluem:
- Brincar por horas sozinhos e de forma não funcional com o mesmo brinquedo, por exemplo somente olhando um mesmo objeto;
- Dificuldade em aceitar alimentos de texturas diferentes (tornando difícil o processo de troca do leite materno para os alimentos sólidos);
- Dificuldade em direcionar e associar o olhar ao objeto a que está sendo apontado e/ou indicado;
- Não apresentar interesse em brincar com os pais ou com outras crianças;
- Não trazer e mostrar brinquedos e livros aos pais como as outras crianças;
- Apresentar interesse específico sobre itens incomuns para a sua idade ou mesmo colecionar/ acumular esses itens;
- Atraso no uso dos gestos (como fazer sim e não com a cabeça, acenar, mandar beijo etc.);
- Apresentar agitação demasiada quando trocam de ambientes (como sair de casa);
- Movimentos repetitivos e/ou desenvolver posturas incomuns com as mãos ou com o corpo todo;
- Atraso na fala de palavras isoladas ou frases simples;
- Perda/ regressão de habilidades de linguagem previamente adquiridas;
- Expressões faciais, atitudes e gestos que não condizem com como se sentem.
Característica do autismo em crianças maiores
As características descritas acima podem permanecer em crianças maiores e que recebem o diagnóstico mais tardio. Nessa fase, as dificuldades na comunicação social, principalmente no ambiente escolar, se tornam mais evidentes. O que resulta muitas vezes em falta de amizades ou desentendimentos constantes com os colegas.
Além disso, as crianças podem apresentar comportamentos motores repetitivos e interesses sensoriais (no toque, no cheiro ou no sabor) obsessivos, que interferem no seu processo de aprendizagem. As dificuldades com as mudanças também podem estar acentuadas nessa fase.
Características do autismo em adolescentes
Os adolescentes que não tiveram o diagnóstico e tratamento nas primeiras fases da vida, também podem apresentar sinais de autismo. Nessa fase, geralmente o autista apresenta dificuldades para interagir com outras pessoas, possui pouquíssimos amigos, sofre com limitação própria em relação a tarefas que deveriam ser de sua responsabilidade, evita sair de casa, priorizando atividades que possam ser feitas solitariamente e introspectivamente e pode apresentar interesse muito grande em atividades muito específicas.
Características do autismo em adultos
Apesar de dificilmente chegarem na idade adulta sem um diagnóstico previamente estabelecido, os adultos com autismo apresentam espectros bastante variados, podendo necessitar de suporte e cuidados por toda a vida ou até morarem sozinhos, ou mesmo ter um relacionamento estável e filhos.
Existem poucos estudos com as características do autismo na vida adulta, no entanto se sabe que a transição para a vida adulta, assim como os outros períodos de incerteza da vida, podem gerar muita ansiedade e sofrimento para as pessoas que sofrem com o TEA. Nesses momentos, é imprescindível que estejam acompanhados por profissionais qualificados para que o processo seja o menos traumático possível.
Os níveis do autismo
O autismo pode atingir crianças e adolescentes em três níveis diferentes, sendo eles:
- Autismo nível 1: no mais leve, apresenta-se dificuldade de organização, planejamento e relacionamento.
- Autismo nível 2: existe maior dificuldade na comunicação, tanto a verbal quanto a não-verbal e as relações sociais ficam mais prejudicadas. O comportamento repetitivo ou obsessivo para algumas atividades pode acontecer, com maior resistência às mudanças.
- Autismo nível 3: neste grau, o autista apresenta dificuldades semelhantes em tipo ao nível 2, mas com um grau de dificuldade maior, prejudicando ainda mais seus relacionamentos e desenvolvimentos cognitivo, social e comportamental.
Como é realizado o diagnóstico do autismo?
Como se pode observar, o autismo pode apresentar características que afetam profundamente a vida da pessoa que porta essa condição, assim como das pessoas com quem ela convive. Por isso, o diagnóstico correto e precoce é fundamental para que se busque formas adequadas de melhorar sua comunicação e função social de forma que haja o menor impacto possível da doença no seu processo de aprendizagem.
O diagnóstico de TEA deve ser realizado por profissionais devidamente treinados para tal, e de preferência que façam parte de equipes multidisciplinares. A avaliação é feita através de uma história do neurodesenvolvimento, uma entrevista padronizada e uma avaliação observacional. Observar a criança em contextos diferentes, como na escola, também pode ser muito útil.
Como é o tratamento para o autismo?
A melhora no bem-estar e facilitar o aprendizado e desenvolvimento são os principais objetivos no tratamento do transtorno do espectro autista, tendo em vista que ainda não há cura para esta condição.
Para isto, o tratamento deve ser realizado de forma multidisciplinar, com a participação de vários profissionais de acordo com o nível de autismo, para garantir os melhores resultados.
O profissional de saúde mental, no papel do psiquiatra e do psicólogo são fundamentais para orquestrar este tratamento. O psiquiatra pode encaminhar o paciente a diferentes terapias ou outras especialidades médicas, a fim de auxiliar de forma efetiva no desenvolvimento comportamental, cognitivo e social do autista. Além disso, ele pode administrar medicamentos com efeito sobre as alterações de humor, impulsividade, irritabilidade, ansiedade ou hiperatividade que o autista pode vir a apresentar, bem como diagnosticar e tratar uma depressão que possa vir a surgir.
O apoio e preparo da família é fundamental
Uma criança autista precisa de um lar esclarecido, sem preconceitos e tabus e com muito amor, afeto, cuidado, atenção, perseverança e paciência.
Os pais devem buscar as melhores soluções para proporcionar uma boa qualidade de vida à criança autista, para que o seu desenvolvimento seja o melhor possível. É preciso trabalhar na boa convivência do autista com outros familiares, colegas de escola e pessoas que possam manter contato. Assim, mantém-se uma rede de apoio e atenção fundamentais.
Por isso, se você suspeita de algum caso de autismo na sua família, não hesite em pedir ajuda a um profissional de saúde mental para ter a melhor orientação. O tratamento psiquiátrico ou psicológico é fundamental para a qualidade de vida de quem possui o transtorno e de todos à sua volta. Fale com um especialista para saber mais.