A saúde mental é um assunto que tem sido cada vez mais discutido socialmente. Embora a pandemia tenha intensificado isso, esse tema já era fundamental antes da chegada do novo coronavírus.
A saúde mental nos permite lidar com as adversidades, desafios e exigências de cada momento da vida e harmonizar ideias, emoções e comportamentos, encontrando os meios para viver cada um deles.
Discussões e desentendimentos são frequentes na vida cotidiana, especialmente entre pessoas com mais proximidade e intimidade. Contudo, quando as brigas se tornam rotineiras e marcadas por intensas oscilações de humor e episódios de impulsividade, isso pode não ser só mais uma discussão, mas talvez indicativo do Transtorno de Personalidade borderline. Você já ouviu falar nela? Conheça melhor a seguir!
O que é
O termo inglês “borderline” pode ser traduzido como “limítrofe”. Assim, essa nomenclatura indica que esse quadro psíquico é caracterizado por oscilações intensas de humor, associadas a instabilidade de comportamento, funcionamento e autopercepção. Assim, esse quadro é marcado por alternância entre momentos estáveis de calma e episódios de ira, ansiedade e depressão.
Segundo levantamentos epidemiológicos, costuma afetar mais mulheres do que homens. Dados da American Psychiatry Association (APA) indicam que 75% dos diagnósticos são aplicados ao gênero feminino.
Existem diversos fatores para compreender essa predominância entre mulheres, desde ambientes violentos com abusos sexuais, verbais, assédio, traumas e até negligências de cuidado na infância . Na maioria dos casos, os sintomas ocorrem entre 18 e 25 anos de idade – 90% dos casos começam antes dos 30 anos de idade.
Causas e sintomas
A ciência ainda não apontou uma definição clara sobre as causas Transtorno de Personalidade borderline. O que os estudos apontam até agora é que esse quadro clínico possui múltiplos fatores que propiciam o seu surgimento, desde influências genéticas, histórico familiar associado a traumas de infância, fatores ambientais e culturais.
Além da intensa alternância de humor que pode durar dias, a pessoa com Transtorno de Personalidade borderline costuma apresentar sintomas como extrema dificuldade (mais do que a média das pessoas) para lidar com problemas cotidianos e situações que provocam estresse gerando comportamentos compulsivos (como comer, jogar ou comprar sem parar).
Outros sintomas comuns são: dificuldade de cumprir regras ou leis, padrão de relacionamentos interpessoais intensos e instáveis (marcados pela alternância entre desvalorização e idealização) e mudança súbita de objetivos e opiniões, o que as leva a abandonar sonhos e projetos mesmo quando eles estão perto de se tornarem realidade.
Outro comportamento recorrente é a sensação de vazio e solidão, além do medo de ser abandonado – que está profundamente associado à insegurança e à autoimagem prejudicada.
Muitas vezes, episódios corriqueiros podem desencadear uma reação de muita raiva e abandono em pacientes com Transtorno de Personalidade borderline, como o atraso de um amigo em um encontro, por exemplo. Após uma explosão de raiva é comum que essas pessoas se sintam culpadas por terem agido assim, o que acaba reforçando a imagem negativa que elas têm de si próprias, o que intensifica a sensação de solidão e abandono.
Um sintoma que merece especial atenção é o comportamento suicida: em torno de 75% dos pacientes com transtorno de personalidade borderline tentaram o suicídio pelo menos uma vez, sendo que a maioria ocorreu antes dos 40 anos de idade. A automutilação também é comum. Esses comportamentos costumam apresentar uma forma desses pacientes se auto punirem por se considerarem “pessoas más”.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline não é fácil e precisa de mais de uma consulta para ser feito. Os profissionais envolvidos (psiquiatras e psicólogos) precisam avaliar os indivíduos considerando a sua história de vida, evolução e frequência dos sintomas. Também é recomendado ouvir os relatos de familiares e outras pessoas mais íntimas desses pacientes.
Outra dificuldade é que, muitas vezes, pessoas com borderline tendem a buscar atendimento em momentos de crise, geralmente relacionados com momentos de depressão, ansiedade ou tentativa de suicídio. É recomendado não esperar esses momentos para buscar ajuda profissional.
Psiquiatras e psicólogos recomendam que o diagnóstico seja feito após os 18 anos de idade, já que é nesse período em que a personalidade já está mais estruturada, sendo possível perceber os comportamentos que surgem como destoantes.
Por vezes, a síndrome de borderline pode ser confundida com outros problemas psíquicos como transtorno bipolar e esquizofrenia, mas a duração e a intensidade das emoções ajudam a diferenciar cada um desses quadros.
Por isso é fundamental buscar profissionais altamente qualificados e experientes nesse contexto. O Instituto de Psiquiatria Paulista conta com esses profissionais – agende uma avaliação conosco e tenha informações mais precisas sobre a sua saúde mental.