Os seres humanos são complexos e podem apresentar comportamentos alternantes e até contraditórios dependendo do momento da vida e dos desafios que estão vivendo. As nossas emoções são igualmente complexas e são fundamentais para nos mostrar o impacto de determinado acontecimento sobre nós e nos permitir buscar caminhos para lidar com ele.
Uma boa educação psicológica mostra que cada emoção é um mensageiro importante sobre nosso estado emocional e que reprimi-las dificulta ainda mais os nossos processos psíquicos. Emoções como a raiva, a tristeza e o medo são fundamentais para nos proteger e nos ajudar a estabelecer limites ou reconhecer que algum limite foi desrespeitado.
Em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde estimou 16,3 milhões de brasileiros com mais de 18 anos nessa situação. Nesse contexto, uma pergunta cada vez mais comum em consultórios e aparelhos de saúde é: quando a tristeza pode indicar um quadro de depressão? Muitas pessoas ficam em dúvida em momentos de tristeza intensa ou mais duradoura do que antes. Se você já passou por essa situação, confira como distinguir esses dois fenômenos.
Tristeza
A tristeza nos permite elaborar perdas ou sofrimentos e nos reorganizar internamente para ressignificá-las e aprender a conviver com elas de forma menos turbulenta. Essa perda pode ser a demissão do trabalho, o término de uma relação amorosa, a morte de uma pessoa amada, a descoberta de uma doença grave.
Pode parecer estranho a um primeiro momento, mas permitir a tristeza em situações determinadas nos traz benefícios como aumentar o autoconhecimento, a sensação de descarregar angústia, desespero e tensão ao chorar e nos torna mais sensíveis ao dialogar com outras pessoas, abrindo mais espaço para que nós entendamos o ponto de vista dela.
Depressão
Quando a tristeza permanece e, aos poucos, se espalha para todas as áreas da vida de uma pessoa, abrindo espaço para o surgimento de profunda desesperança, apatia, desgosto, ansiedade, fadiga, irritação e desânimo, isso pode ser um sinal de que a depressão esteja se instalando.
Associado a isso, a pessoa passa a não conseguir fazer atividades básicas para manter a vida como cozinhar, tomar banho, limpar a própria casa e outras que antes eram prazerosas como encontrar amigos, viajar, passear em um parque e ver filmes.
Além de dificuldades para se relacionar e trabalhar, pessoas com depressão costumam perder boa parte da auto-estima e autoconfiança, além de apresentarem distúrbios de sono, apetite e dificuldades para se concentrar.
Como diferenciar?
É importante ter em mente que a tristeza costuma estar relacionada a um evento que teve impacto negativo sobre uma pessoa, enquanto a depressão pode não estar necessariamente vinculada a um acontecimento.
Além disso, a depressão também leva a pessoa a ter comportamentos que ela dificilmente teria fora desse contexto. Alguns exemplos são: abandonar um curso universitário sem concluí-lo, deixar os filhos sem cuidados básicos de alimentação e higiene, passar mais de um dia sem comer ou dormir e parar de falar com os amigos.
Assim, três elementos são fundamentais para diferenciar tristeza e depressão: duração, causa e intensidade.
Depois de entender o que é a tristeza e o que é a depressão, fica muito mais fácil perceber as diferenças. A primeira é a duração: a tristeza pode durar de horas a semanas enquanto a depressão pode durar até anos (especialmente quando não é diagnosticada e cuidada). A segunda é a intensidade – que é muito maior em quadros depressivos. A última é a causa: enquanto a tristeza costuma vir associada a um acontecimento mais evidente ou memória ruim, a depressão não precisa desses gatilhos para surgir e não passa sozinha depois de algum tempo, como a tristeza.
Diferentemente do que o senso comum diz, depressão não é uma falha de caráter nem de amor, mas uma enfermidade séria que afeta a totalidade da vida das pessoas. E não termina apenas com boa vontade, alto astral ou pensamento positivo. Como todo problema de saúde, a depressão pode ser causada por diversos fatores que compreendem desde o contexto e histórico de vida, predisposição genética, qualidade dos vínculos afetivos, entre outros.
A depressão precisa de acompanhamento de profissionais qualificados na área (psiquiatras e psicólogos) e de uma rede de apoio composta por familiares e amigos próximos que compreendam a gravidade desse problema. Por isso, acesse o nosso site e agende uma avaliação completa para compreender se a sua tristeza pode ser sinal de depressão.