Às vezes a vida nos surpreende com experiências horríveis e que podem afetar as pessoas permanentemente. Acontece que em algumas pessoas, os efeitos são tão graves que se tornam debilitantes e constituem um transtorno, chamado transtorno do estresse pós-traumático.
Esse transtorno acomete cerca de 15 a 20% das pessoas que vivenciaram alguma experiência de atos violentos e/ou situações traumáticas. Ou seja, se trata de uma condição que pode ser bastante prevalente e que merece a nossa atenção. Aprenda sobre suas formas de manifestação e saiba quando se torna necessário buscar por ajuda.
O que é o Estresse Pós-traumático?
O Transtorno do Estresse Pós-Traumático, ou TEPT, é um distúrbio de ansiedade caracterizado por um conjunto de manifestações físicas, psíquicas e emocionais que pode surgir até 6 meses após uma experiência ou evento traumático na vida do acometido. Em geral, constitui-se de lembranças recorrentes e incontroláveis do evento por, pelo menos, 1 mês.
Causas
A sua fisiopatologia não é completamente compreendida, mas esses eventos costumam ser eventos que evocam sentimento de medo, impotência ou horror. Muitas vezes se tratam de experiências que colocaram a vida do acometido ou de terceiros em risco. Agressão física, sexual e catástrofes naturais ou provocadas pelo homem são as causas mais comuns de TEPT.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e deve ser feito por um profissional capacitado, pautado nos critérios estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).
Além disso, o sofrimento gerado pela experiência vivida deve ser significativo o suficiente para prejudicar o funcionamento social e/ou ocupacional.
ATENÇÃO: O sofrimento não pode ser atribuído aos efeitos fisiológicos do uso de uma substância ou de outro transtorno médico.
Sinais e Sintomas
Além da exposição direta ou indireta a um evento traumático, o paciente deve apresentar mais que um dos sintomas de cada categoria abaixo por, pelo menos, um mês.
Sintomas de “intrusão” (pelo menos 1 sintoma):
- Sofrimento psicológico ou fisiológico intenso ao lembrar do evento;
- Flashbacks ou agir como se o evento estivesse ocorrendo em tempo real;
- Lembranças recorrentes, involuntárias, intrusivas e/ou perturbadoras;
- Sonhos perturbadores recorrentes do evento traumático.
Sintomas de “esquiva” (pelo menos 1 sintoma):
- Evitar pensamentos, sentimentos ou memórias associadas ao evento;
- Evitar locais, conversas, pessoas ou atividades que possam remeter ao evento.
Sintomas negativos sobre a cognição e humor (pelo menos 2 sintomas):
- Perda de memória de momentos significativos do evento;
- Incapacidade persistente de viver emoções positivas;
- Convicções ou expectativas negativas persistentes e exageradas sobre si mesmo e os outros;
- Sentimento de culpa em relação a si ou outros sobre causa ou consequências do trauma;
- Diminuição importante do interesse em atividades cotidianas;
- Sensação de distanciamento e estranhamento em relação às pessoas;
Reatividade e excitação alteradas (pelo menos 2 sintomas):
- Irritabilidade e/ou impaciência exacerbadas;
- Dificuldade de concentração;
- Hipervigilância;
- Dificuldade de dormir.
Tratamento
O tratamento consiste em tratamento psicoterápico associado ao medicamentoso. A gravidade do TEPT costuma diminuir com o passar do tempo, porém nunca desaparece e algumas pessoas permanecem gravemente prejudicadas.
Por isso, se você suspeita de algum caso de Transtorno do Estresse Pós-Traumático, não hesite em pedir ajuda. O tratamento psiquiátrico ou psicológico associado ao tratamento medicamentoso é fundamental para a qualidade de vida de quem possui o transtorno, e de todos à sua volta.