Os hospitais psiquiátricos foram criados há séculos, mas muita coisa mudou de lá pra cá. Entenda essa história e como são esses locais hoje.
Os hospitais psiquiátricos existem há centenas de anos. Durante todo esse período, eles passaram por grandes transformações devido aos cursos da história e por influência de personagens importantes que lutavam por um tratamento digno às pessoas com transtornos mentais e, também, à desestigmatização desses transtornos.
Acompanhe, a seguir, como surgiram os hospitais psiquiátricos, suas mudanças e como são esses locais hoje em dia.
Como surgiram os hospitais psiquiátricos?
As doenças mentais existem há milhares de anos. Entretanto, o conceito de ‘loucura’ somente foi utilizado para descrever pessoas que não seguiam os padrões sociais vigentes na Idade Média, quando as pessoas com transtornos mentais eram condenadas ao ostracismo. Elas eram vistas como ‘possuídas pelo demônio’ e largadas a viver à própria sorte pelos muros das cidades.
Foi somente por volta do século XVII que surgiram os primeiros hospitais psiquiátricos. Esses lugares, todavia, serviam como um ‘depósito de gente’, reunindo doentes mentais junto a desvalidos, criminosos e pessoas com doenças venéreas.
Uma revolução nos tratamentos com o pai da psiquiatria
No século XVIII, o Dr. Phillippe Pinel, francês considerado o pai da psiquiatria, era visto como uma esperança aos doentes mentais. Graças ao seu esforço para a criação de novos tratamentos específicos para transtornos comportamentais de origem cerebral, em que se preconizava a firmeza juntamente com a gentileza para o sucesso, essas pessoas agora tinham os manicômios, lugares específicos para estes distúrbios.
No entanto, ao longo dos séculos XIX e XX, seus métodos foram transfigurados e os manicômios e hospícios voltaram a ser locais considerados desumanos, com tratamentos humilhantes como chicotadas, privação de liberdade, banhos frios e intervenções médicas de origem duvidosa.
Os hospitais psiquiátricos no Brasil
No Brasil, o primeiro hospital psiquiátrico da época foi o Hospício Pedro II, inaugurado em 1853. Outros também surgiram pelo país, como o Hospital Colônia de Barbacena – o maior do país -, como forma de acumularem os doentes mentais e tirá-los do convívio social, por serem ‘casos sem jeito’ e aplicando métodos como camisa de força, lobotomia e eletrochoque.
Em toda essa história, uma personagem importante no Brasil foi Nise Silveira, que teve sua história retratada no filme Nise – O Coração da Loucura. Ao chegar no Hospício São Pedro e ver a situação dos pacientes, assustados e tratados de forma desumana, ela iniciou uma luta para oferecer dignidade a essas pessoas.
Através da arte, ela ajudou esquizofrênicos e outros doentes mentais em tratamentos que também envolviam cães e gatos e outros métodos integrativos para os pacientes. Inclusive, Nise Silveira fundou um museu com todas as artes de seus pacientes.
A luta antimanicomial e a mudança nos hospitais psiquiátricos
No Brasil, a Luta Antimanicomial – como ficou conhecido o movimento que levantava atenção à forma com a qual pacientes em hospitais psiquiátricos vinham sendo tratados – com o objetivo de dar mais dignidade e respeito aos doentes mentais, começou por volta de 1980 e sua lei foi aprovada apenas em 2001.
A luta brasileira foi inspirada pelo movimento surgido na Itália nos anos 1960, liderado pelo psiquiatra Franco Basaglia, que tocou um hospital psiquiátrico referência naquele país e escreveu um livro chamado ‘A Instituição Negada’.
Os hospitais psiquiátricos hoje em dia
Hoje, a realidade é bem diferente do que há décadas. Por força da Lei 10.126/2001, assegura-se aos doentes mentais o tratamento digno, com respeito à sua individualidade, e obriga-se o Estado a promover ações e medidas que estimulem o bem-estar do doente mental, através de iniciativas inclusivas na sociedade.
Por força disso, aumentou-se o número de Centros de Assistência Psicossocial (CAPS) que trabalham de forma a dar apoio psiquiátrico à população em geral, com atendimento médico e promoção de atividades integrativas e estimuladoras ao paciente.
Como é a internação em um hospital psiquiátrico?
A internação em hospital psiquiátrico ou unidade semelhante, que caracterize atenção constante ao paciente com transtornos mentais, é feita de forma voluntária – quando o paciente ativamente se dispõe ou permite-se ser internado; ou de forma involuntária – quando a situação exige uma internação, mas que só pode ser feita com ciência da família e participação ativa do médico psiquiatra.
Nestes lugares podem ser tratadas Síndromes de Pânico, Depressão Maior, Esquizofrenia, Psicose, Dependência Química, entre outros. Hoje, o objetivo de uma internação em hospital psiquiátrico visa a recuperação do paciente e sua reintegração na sociedade e não uma forma de exclusão.
Lá, o paciente recebe cuidados 24 horas por dia, tendo uma equipe de médicos, enfermeiros e terapeutas à disposição para o que for preciso, acompanhando a administração de medicamentos, atividades integrativas, alimentação e psicoterapias.
É preciso desestigmatizar ainda mais os transtornos mentais
Como você percebeu, o estigma acerca das doenças mentais fez com que muitas pessoas perdessem sua qualidade de vida e deixassem de expressar o que realmente eram. Hoje em dia, esse cenário melhorou bastante e os espaços para falar sobre depressão e ansiedade, por exemplo, estão muito mais abertos.
Mesmo assim, é preciso continuar o processo de aceitação àquilo que foge do padrão e tratar todas as emoções e sentimentos que causam sofrimento ao paciente, em qualquer nível. Afinal, todos somos seres humanos.