A depressão é uma doença e precisa ser tratada, exatamente como uma dor de estômago ou no coração. Entenda.
Esse título pode ter deixado você um pouco confuso: como assim o humor é um órgão do corpo?
Na verdade, ele não é, mas foi uma forma que encontrei para dar um exemplo bastante pertinente sobre a depressão:
Quando nosso estômago não está funcionando corretamente, sabemos que não é normal. Dependendo do que sentimos, suspeitamos que seja prisão de ventre, uma refeição não preparada adequadamente e assim por diante.
O que acontece, nesse caso, é que por algum motivo que você não sabe ao certo o seu estômago não está funcionando direito e você precisa de ajuda. Essa ajuda vem através da orientação do médico, que pode sugerir tratamentos com medicamentos, pedir exames e orientar mudanças nos seus hábitos alimentares, por exemplo. O objetivo é saber o que te fez mal para que aquilo não se repita.
Essa mesma lógica serve para transtornos mentais como a depressão. Quando algo está errado com as emoções e sentimentos, é necessário que se busque o psiquiatra, que é o profissional que entende dos mecanismos químicos cerebrais sobre a influência do humor no dia a dia.
É justamente por isso que a ideia de que a depressão é frescura é completamente equivocada e faz com que as pessoas sofram ainda mais. Afinal, alguém com infecção estomacal consegue, sozinha, se livrar do problema só com força de vontade?
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A depressão acontece quando o ‘humor não está funcionando direito’
O nosso corpo pode pifar e isso é normal. Todas as partes dele estão sujeitas a problemas e imperfeições e o cérebro não é diferente.
As emoções são todas processadas no cérebro, através de sinais químicos, hormônios e neurônios, que se comunicam e geram sensações como as de alegria e tristeza.
Quando há uma falha nessa comunicação, seja pela quantidade insuficiente da substância que precisa ser transportada (no caso, a serotonina) ou por falha na ligação entre esses neurônios (as sinapses), existe um desequilíbrio químico cerebral, prejudicando a percepção do mundo e influenciando diretamente no dia a dia.
Muitas vezes, esse desequilíbrio pode ser persistente e precisará de uma correção também química, no caso, através dos antidepressivos. Esses medicamentos podem ajudar em um restabelecimento mais eficaz dessas comunicações no cérebro, dando um impulso necessário para que depois a pessoa consiga melhorar gradativamente, ainda com a ajuda de um terapeuta.
Isso é um exemplo semelhante ao da dor de estômago, quando se toma um remédio indicado pelo médico para aliviar aqueles sintomas desconfortáveis e depois se muda a alimentação ou hábitos para que aquele problema não se repita.
Depressão não é frescura e só força de vontade não salva ninguém
Como você viu até aqui, a depressão ocorre por um desequilíbrio químico no cérebro e isso pode ser corrigido através de tratamentos que podem envolver medicamentos, psicoterapia e mudança de hábitos, como em outras doenças.
Portanto, o estigma de que a depressão é frescura ou preguiça e que basta ‘querer ser feliz’ para se livrar dela é algo que prejudica muitas pessoas que acabam sentindo-se ainda mais culpadas e agravando seu quadro depressivo.
A força de vontade é sim importante no processo como um todo. Mas para isso, é preciso que haja ‘vontade de fazer força’ para conseguir melhorar, e essa falta de vontade não é culpa da pessoa, mas de seus mecanismos cerebrais que estão desregulados. Portanto, culpabilizar quem sofre de depressão e exigir que ele se livre da doença é como culpar um pedestre por ser atropelado na faixa de pedestres e exigir que ele levante e saia andando.
A depressão não é frescura e é um assunto muito sério, uma das principais causas de morte entre os jovens no mundo através dos suicídios. Mortes que poderiam ser evitadas se o apoio necessário fosse dado a essas pessoas.
Como a depressão ocorre e quais seus sintomas?
A depressão pode se manifestar em qualquer pessoa em praticamente qualquer fase da vida. Infância, adolescência, vida adulta e idosa, no trabalho, na gravidez e em uma infinidade de situações.
Veja os principais sintomas da depressão:
- Sensação de falta de energia
- Problemas de concentração e de memória
- Perda de interesse por atividades que antes davam prazer
- Tristeza frequente
- Baixa autoestima
- Apatia
- Angústia
- Sentimento de culpa
- Irritabilidade
- Ansiedade ou agitação
- Perda da libido
- Alterações no sono (insônia ou sonolência excessiva)
- Alterações no apetite para mais ou para menos
- Pensamentos de morte ou suicídio
Isso ocorre, pois somos seres humanos repletos de sentimentos e emoções, que são respostas químicas do cérebro de acordo com as situações que experimentamos, mas que muitas vezes acabam sendo reprimidas pela família, amigos ou sociedade. Quando não conseguimos lidar com essas incongruências, o desconforto pode virar tristeza duradoura, angústia e apatia, a porta para a depressão.
Se seu emocional não está bem, procure ajuda
Procurar ajuda profissional, através de um psiquiatra ou psicólogo, aos sinais iniciais de sofrimento emocional é a melhor forma de prevenir que uma depressão se instale ou que outro transtorno mental possa surgir.
Psiquiatra não é médico de louco, antidepressivos não viciam e o objetivo do tratamento psiquiátrico não é tornar a pessoa dependente de medicamentos ou sessões para sempre, muito pelo contrário. O principal objetivo é ajudar a pessoa a restabelecer seu controle emocional, viver seu bem-estar no dia a dia e conseguir fortalecer seus laços, ter sua vida e ir em busca de seus sonhos. Se até com dor de barriga é difícil sorrir, imagine com sintomas de depressão.