Dr. Henrique Bottura, psiquiatra e diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, falou um pouco sobre o alcoolismo, em uma entrevista para a empresa Wheaton. Confira a seguir!
Alcoolismo é doença e pede tratamento: Como saber se beber deixou de ser um hábito social e virou dependência?
Seja em festas, rodas de conversa, ou em um jantar com amigos, o consumo de bebidas alcoólicas faz parte da vida de muitas pessoas. Até aí, tudo bem. O problema é quando esse hábito começa a extrapolar os limites e se torna uma doença. Importante enfatizar que, se você conhece alguém que esteja enfrentando o vício, a melhor coisa a fazer é manter uma postura otimista e evitar julgamentos. Afinal, o alcoolismo não é um desvio de caráter.
Para entender melhor a linha tênue entre o ato social e a dependência, veja abaixo o que diz o Dr. Henrique Bottura, psiquiatra e diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista e colaborador do ambulatório de impulsividade do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Existe algum sinal de alerta para que uma pessoa consiga diferenciar o beber social do alcoolismo?
Um dos elementos que configura a dependência é a perda de controle. Nesse caso, a pessoa não é capaz de beber comedidamente. Ela bebe até não conseguir mais, e tem uma incapacidade de frear o seu impulso. Além disso, apresenta uma necessidade crescente de uso. Então começa a aumentar a frequência e intensidade do hábito e a migrar para substâncias mais fortes a fim de ter a mesma sensação. Outro aspecto é que, mesmo com outras pessoas comentando que está exagerando, colocando o trabalho e situações pessoais em risco, ela insiste no comportamento e não consegue ficar sem. É evidente que nem sempre isso é muito claro. Às vezes a pessoa não tem uma perda de controle absurda, mas não consegue ficar um dia sem beber.
O que leva à dependência?
Uma combinação de fatores, mas os aspectos genéticos são muito impactantes. Pessoas que têm familiares com dependência de drogas, álcool ou jogo, têm muito mais chances de se tornarem dependentes também. Mas a exposição ao álcool, as circunstâncias de vida e o meio social também podem contribuir para isso.
Quais os danos do alcoolismo no longo e curto prazo?
No curto prazo são os problemas com a intoxicação, dirigir embriagado, acidentes, conflitos com outras pessoas, se colocar em situações de risco, perda de trabalho e coisas do tipo. No médio e longo prazo, existem as deteriorações secundárias. Aí são muitas. Deteriorações neurológicas, inclusive às vezes clínicas, com alterações do fígado e outras complicações decorrentes de cirrose. Existem quadros neurológicos com pessoas que ficam bastante “demenciadas” em função do uso do álcool.
Quando é hora de procurar ajuda e de que forma acontece o tratamento?
Ao se dar conta de que não se tem mais controle e isso começar a comprometer a vida familiar, pessoal e social. Muitas vezes esse processo é demorado e dolorido. Algumas pessoas resistem e não conseguem ter uma autoavaliação crítica. O que muitas vezes é parte do sintoma, já que o alcoolista muito debilitado não vê que tem o problema e nega isso de maneira veemente. E isso dificulta muito, porque mudar o comportamento é parte do tratamento. Além disso, é possível utilizar medicamentos que ajudam a controlar a vontade de beber compulsivamente, ou fazer psicoterapia para ajudar a modificar uma série de padrões cognitivos e de pensamento. Também há os grupos de ajuda, como os Alcoólicos Anônimos, e as religiões também podem contribuir bastante. Dar esse primeiro passo é fundamental.
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