A depressão na gravidez muitas vezes é algo completamente paradoxal. A mulher, feliz e realizada por ter conseguido realizar o sonho de engravidar, sente-se apática, sem forças e energias, e fazer coisas simples torna-se muito mais difícil. Sair da cama é quase um sacrilégio e os pequenos prazeres já não trazem mais satisfação.
Cenário ainda mais complicado descortina-se às mulheres cuja gravidez não fora planejada, causando ainda mais sofrimento e angústia, principalmente se as condições estiverem adversas, como falta de apoio do parceiro ou da família.
Tanto as mulheres aparentemente com uma vida tranquila e cheia de afeto quanto as que enfrentam mais dificuldades, podem enfrentar a depressão na gravidez. Nesses casos, é preciso ficar atento aos sintomas para procurar ajuda.
Por que a depressão na gravidez ocorre?
Durante a gravidez, uma série de mudanças ocorrem no corpo da mulher e uma verdadeira chuva de hormônios acontece. A sensibilidade fica muito grande e o humor suscetível a mudanças maiores por motivos menores. As emoções ficam à flor da pele e pequenas tristezas, aborrecimentos ou desejos podem tomar proporções maiores do que deveriam.
Isso sem contar toda a modificação da dinâmica ambiental e social que ocorre em torno de uma gravidez. Existem novas limitações e restrições, a vida já não é mais a mesma, muito menos o lazer e as conversas. É uma mudança grande e abrupta, por mais que a mulher esteja satisfeita.
Cada mulher tem uma forma de encarar essas mudanças em todos os aspectos de suas vidas. Algumas podem passar por isso muito bem, mesmo que seja um pouco difícil, mas outras podem ser mais atingidas por isso, por motivos internos emocionais.
Mulheres que já enfrentaram uma depressão antes da gravidez ou que têm histórico na família, possuem maiores chances de ter depressão. Além disso, aquelas que passam por algum tipo de problema, que pode ir desde conflitos nos relacionamentos e casamento, traumas passados duradouros, condições de vida mais difíceis e realidade econômica com maior risco, correm um risco maior de desenvolver a depressão na gravidez.
Mesmo assim, nada exime mulheres que não se encaixem em nenhuma dessas realidades a enfrentarem a depressão na gravidez, que atinge quase 20% das gestantes.
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Depressão na gravidez: identificando os sintomas
Pelo fato de a gravidez ser uma fase de mudanças e de emoções mais intensas e salientes, pode ser um pouco mais difícil perceber alguns sintomas. Ter uma vontade maior de chorar vez ou outra e um pouco de indisposição, por exemplo, é normal, mas quando tudo torna-se muito intenso, é preciso prestar atenção nos sintomas e procurar ajuda.
Destacamos, aqui, os principais sinais de alerta da depressão na gravidez:
- Tristeza: persistente e presente na maioria dos dias
- Ansiedade: inquietude, agitação e looping de pensamentos paralisantes
- Concentração: problemas para manter o foco e distração constante
- Sono: insônia ou sonolência persistente
- Apetite: come demais ou não come o suficiente
- Apatia: perda de prazer por atividades que antes gostava
- Libido: perda do desejo sexual
- Energia: redução da vitalidade
- Sentimentos negativos: culpa e pânico
- Ideação suicida: pensamentos sobre tirar a própria vida
Ao sentir esses sintomas é importante que a mulher procure ajuda. Muitas grávidas podem se sentir constrangidas socialmente, pelo fato de esperarem dela alegria e disposição neste momento de felicidade. Isso faz com que elas se sintam culpadas muitas vezes, piorando ainda mais os sintomas.
Converse com o seu parceiro, família e com o médico que realiza o pré-natal. Ele poderá observar pontos pertinentes e encaminhar você para o tratamento adequado, até porque a depressão na gravidez, quando não tratada, pode trazer grandes prejuízos à saúde da mãe e do bebê, que pode até mesmo nascer prematuro ou abaixo do peso, por exemplo.
Ainda, uma pesquisa sugere que bebês de grávidas que enfrentaram depressão sem o tratamento adequado, enfrentam problemas de sono logo após o primeiro ano de vida.
Outro fator pertinente é que a depressão na gravidez, por afetar diretamente ações importantes da mulher para a saúde do bebê, como sono e alimentação, prejudicando o desenvolvimento da nova vida no ventre.
Ao perceber os sintomas, procure um psiquiatra
Cada caso é específico e deve ser avaliado pelo psiquiatra – o profissional capacitado para tratar de distúrbios da mente como depressão e ansiedade. Ele vai indicar o tratamento correto, inclusive com a prescrição de antidepressivos, se necessário. Neste caso, principalmente, a avaliação deve ser criteriosa, pois deve-se pensar muito bem em relação aos prós e contras da administração desses medicamentos na gravidez, pois uma depressão não tratada pode ser ainda pior.