Sabemos que a crise da saúde mental é real. Por todos os lados vemos familiares, amigos e conhecidos com dificuldade para lidar com seus sentimentos e emoções, principalmente com a ansiedade. A ansiedade afeta 9,3% da população brasileira, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A pandemia pela qual passamos, as notícias sobre guerras, crises climáticas e políticas, preconceitos, dificuldades financeiras, acabam minando os aspectos positivos da nossa vida.
Por esta razão, as pessoas passaram a ter sentimentos negativos relacionados à desilusão e ao desespero. Em uma pesquisa global realizada em 2021 com mil pessoas de 16 a 25 anos, publicada na revista científica The Lancet Planetary Health, 56% dos respondentes disseram que acreditam que a humanidade está condenada (o que demonstra uma desesperança por parte da juventude) e 45% disseram que sua ansiedade em relação às questões climáticas afeta suas vidas diariamente (a consciência em relação ao meio ambiente tem seu aspecto positivo, mas também gera ansiedade).
Por que a ansiedade nos afeta tanto?
Quem sofre com transtorno de ansiedade geralmente se vê tomado por pensamentos negativos que invadem suamente sem aviso. Estes pensamentos negativos muitas vezes não estão associados a fatos, nem à realidade, mas sim a uma expectativa criada pela própria pessoa que possui o transtorno, muitas vezes de modo irracional.
O que piora este contexto são as notícias que vemos todos os dias nos veículos de comunicação que têm a tendência de exacerbar tudo o que é negativo. Desta forma, a pessoa ansiosa se vê impactada durante todo o tempo, tanto pelo que vê, como pelo que ouve, como pelo que percebe no dia a dia, e ainda, pelas sensações de medo e angústia que existem em sua mente.
Assim, é criada uma espiral ansiosa e a pessoa pode começar a ter ansiedade em relação a diferentes aspectos da sua vida. Como exemplos, temos a ansiedade por estresse pós-traumático (quando a pessoa tem flashbacks relacionados a um evento traumático do passado), a agorafobia (depois de episódios de ataques de pânico, a pessoa evita situações que possam desencadear um novo ataque) e até mesmo a ansiedade climática (especificamente relacionada à emergência climática pela qual estamos passando).
4 Dicas para lidar com a ansiedade no dia a dia
Para lidar com a mente pessimista e preocupada da pessoa ansiosa, é preciso criar alguns mecanismos de disciplina, foco e controle, com o objetivo de que a ansiedade não se acentue, o que pode agravar ainda mais a situação.
Seguem então algumas dicas:
1 – Monitore os seus pensamentos. Como o ansioso está sempre apreensivo e preocupado com o que pode acontecer é importante criar uma estratégia para lidar com isto. Não se deve lutar contra os pensamentos negativos, mas sim escolher, por exemplo, um momento do dia como o “momento da preocupação” e se permitir, nesse momento, refletir sobre o que está afligindo a pessoa. Depois, mudar de assunto, ou seja, tirar a energia e o foco daquilo que causa ansiedade na pessoa.
2 – Veja o lado bom da vida (por mais que seja desafiador). Adotar uma atitude positiva perante a vida, com foco nos bons aspectos ao invés dos ruins é essencial para lidar com a ansiedade. Para domar a mente e espantar os pensamentos negativos, podemos olhar para elementos prazerosos, ao invés daqueles que irritam ou deprimem.
3 – Cuide do corpo e da mente. Com exercícios práticos como: exercícios físicos, alongamentos, exercícios de respiração, meditação, dentre muitas outras práticas, é possível se sentir melhor. Passar a ter hábitos saudáveis é benéfico para a saúde, como um todo. Cuidar do corpo e da mente gera movimento e energia, que são essenciais para a vida.
4 – Encontre um propósito. Encontrar sentido no cotidiano é uma forma de lidar com a adversidade. Pessoas com distúrbios de ansiedade muitas vezes não conseguem identificar um propósito claro em suas vidas. O propósito pode ser traduzido em atividades de voluntariado, em cuidados com um familiar enfermo, na educação de uma criança ou mesmo nos cuidados com um animal de estimação.
A importância dos vínculos afetivos
Os vínculos afetivos são importantes para que a pessoa possa se sentir segura, integrada e para ter o apoio e a confiança das pessoas próximas. Muitas pessoas viveram e ainda vivem uma ansiedade pós-traumática, decorrente da pandemia, justamente pelas privações nas relações sociais. Por isso é importante voltar a se conectar mais com as pessoas.
Se você sentir que não está conseguindo fazer suas atividades diárias, ou que os sintomas como ansiedade e medo persistem com o tempo, procure ajuda. O Instituto de Psiquiatria Paulista está pronto para apoiá-lo. Acesse nosso site e marque uma consulta conosco.