A memória é um dos mais importantes processos psicológicos do ser humano. Além de ser responsável pela nossa identidade pessoal e por guiar em maior ou menor grau nosso dia a dia, ela está relacionada a outras funções igualmente importantes, como sua ampla relação com a nossa função cognitiva e o aprendizado.
Em um sentido mais amplo, toda a vida animal depende da memória, tanto para saber as atividades que devem ser feitas, como aquelas que precisam ser evitadas. Até mesmo os seres unicelulares memorizam que não devem estar em um determinado lugar, ao perceber que ali a temperatura, a densidade ou a acidez do meio não são convenientes. Nos animais que possuem sistema nervoso, a formação da memória é bem complexa e depende da atividade elétrica e molecular de milhares de neurônios ligados entre si.
Por que a memória ajuda o desenvolver da vida?
Memorizar é sobreviver, nos mais diferentes ambientes e situações. Nós, seres humanos, temos uma grande capacidade de recordação de fatos e de acontecimentos. Esta capacidade nos auxilia a entender o que foi positivo e o que foi negativo, nossa percepção sobre isto, e ainda o que gostaríamos de vivenciar novamente – ou não.
Esta característica, que nos ajuda a evitar problemas para a nossa sobrevivência, é fundamental para a vida. Na medida em que conseguimos codificar, armazenar e recuperar nossas experiências, estamos constantemente fazendo análises e comparações do que já foi vivido com nossa situação atual – e isto é um verdadeiro diferencial para os desafios diários.
A memória e a atenção em um mundo hiperconectado
A tecnologia colocou o nosso organismo em uma situação nova. Estamos recebendo notificações o tempo todo, principalmente através de nossos aparelhos celulares. Vivenciamos uma concorrência de estímulos que chamam a nossa atenção: estímulos relevantes e irrelevantes.
Este excesso de estímulos a que nosso organismo está sujeito – devido à evolução tecnológica – é uma coisa nova. Como temos um sistema de memória limitado, acabamos por ter uma divisão da nossa capacidade de atenção que, por consequência, acaba resultando em uma dificuldade de aprofundamento em assuntos que exigem maior paciência, tenacidade e persistência.
Os prejuízos à memória
Nossa memória e nossas lembranças também podem gerar sofrimento emocional, ansiedade e dificuldades no dia a dia. Por exemplo, para pessoas que passam por situações traumáticas, a recordação do acontecimento passa a ter um caráter negativo, e a pessoa pode passar a lidar com lembranças persistentes. É o chamado estresse pós-traumático: a pessoa revive involuntariamente o trauma através de memórias angustiantes e repetitivas, pesadelos ou sensação de que o evento traumático está acontecendo novamente (“flashbacks”).
Por outro lado, os transtornos de humor, como a depressão e a ansiedade, o transtorno bipolar e outros estressores ambientais podem prejudicar a memória. Existem, ainda, mais causas comuns para os distúrbios de memória, tais como as alterações relacionadas à idade, os comprometimentos cognitivos leves e a demência.
No caso da depressão, segundo o Dr. Henrique Bottura, psiquiatra e diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, “a pessoa tem a atenção diminuída para o que está acontecendo ao redor e fica mais voltada ao que ela tem que resolver internamente.” Assim, ela pode ter a sensação de perda de memória, porém esta dificuldade tem mais relação à atenção a tudo que está ao seu redor. É importante reconhecer esta distinção quando um possível problema de memória é, na verdade, um problema de atenção.
Como manter a memória saudável?
De uma forma geral, é importante lembrar que o estado emocional e todos os aspectos da saúde mental, por si só, afetam a memória. Tudo o que fizermos para que nossa saúde mental esteja em dia, também irá proporcionar uma boa qualidade da nossa memória no decorrer dos anos.
Os exercícios que estimulam o cérebro também evitam a perda de neurônios e melhoram a capacidade de memória e aprendizado, em qualquer idade. Bons exemplos são os jogos de memória e de raciocínio. Além disso, as atividades físicas oferecem diversos benefícios para o corpo como um todo, inclusive o cérebro.
O autocuidado é essencial. Se sentir que precisa de apoio para algum desconforto, sensação de perda de memória ou sofrimento emocional, entre em contato conosco e agende uma consulta. Cuide de sua memória e de sua saúde!