As festas de fim de ano são motivo de alegria e celebração para muitos, mas existem aquelas pessoas que ficam mais depressivas e ansiosas durante esse período, desenvolvendo a chamada “dezembrite”.
Também conhecida como depressão de fim de ano ou síndrome do fim do ano, a “dezembrite” é classificada pelos profissionais da saúde mental como um Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) e, embora sua classificação seja relacionada a épocas mais frias, ela também pode surgir durante outros períodos do ano, inclusive no verão.
A “dezembrite”, apesar de considerada como algo passageiro, se não diagnosticada e tratada corretamente, pode evoluir e se tornar um transtorno recorrente, causando sofrimento ao indivíduo.
Mas o que é a “dezembrite”?
Ela é considerada um Transtorno Afetivo Sazonal (TAS). A incidência desse transtorno é mais recorrente em países em que há maior variação de temperatura e luz solar nos períodos de outono e inverno, pois os dias tendem a ser mais escuros e frios.
Em países tropicais como o Brasil, em que essa variação de luz e temperatura não costuma ocorrer de forma abrupta, a depressão do fim de ano pode se desenvolver a partir de outros fatores causadores.
Quais são as principais causas?
O fim de ano é uma época turbulenta, devido ao trabalho, confraternizações, filas, presentes de Natal, metas para concluir e um novo ano para projetar. Então, acaba sendo inevitável fazermos um balanço pessoal para checar tudo o que realizamos e deixamos de realizar durante o ano.
Um estudo feito pela International Stress Management Association Brasil (ISMA-BR) revelou que o nível de estresse do brasileiro aumenta cerca de 75% no mês de dezembro. A pesquisa analisou 678 homens e mulheres de 25 a 55 anos e mostrou que, apesar das festividades, sentimentos negativos como angústia, ansiedade e tristeza também se fazem presentes nessa época do ano.
Segundo o Dr. Henrique Bottura, médico psiquiatra e diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista, esse tipo de manifestação pode estar relacionado a problemas financeiros, estresse de fim de ano, sobrecarga na organização das festas e, inclusive, ao período de reflexão e nostalgia, típico em situações de fechamento de ciclos.
Vale lembrar que os últimos anos foram marcados pela pandemia da COVID-19, que causou grande impacto na vida de dezenas de milhares de pessoas ao redor do mundo. É normal então que nessa época de confraternizações as pessoas fiquem mais sentimentais, por isso esse transtorno tem se tornado cada vez mais comum.
Além disso, há também a possibilidade do sentimento de frustração e solidão. As representações sociais das festas de fim de ano, com aquele ideal de se ter famílias grandes, unidas, felizes de mesas fartas, nos mostram situações que nem sempre correspondem à realidade, gerando frustração.
Outros fatores mais complexos, como o luto, também podem ser gatilhos para esse transtorno. Segundo o Dr. Henrique Bottura: “Como o Natal é o período em que as pessoas que se amam buscam estar juntas, aqueles que não mais estão aqui fazem mais falta, ativando um sentimento de tristeza relacionado à perda”.
Quais os principais sintomas do transtorno?
O Transtorno Afetivo Sazonal apresenta sintomas semelhantes aos da depressão, dentre eles:
- Tristeza e desânimo constante;
- Falta de apetite;
- Irritabilidade;
- Impaciência;
- Alterações de humor;
- Transtornos do sono;
- Desinteresse por atividades;
- Falta de energia;
- Dificuldade de concentração;
- Dificuldade em socializar.
É importante salientar que todas essas sensações e sentimentos são comuns, principalmente com a correria do final de ano, por isso deve-se observar com cautela se os sintomas são de um episódio isolado ou se ocorrem de maneira persistente. De qualquer forma, apenas um profissional da saúde é capaz de fazer este diagnóstico.
Quem pode desenvolver a “dezembrite”?
Todos nós estamos sujeitos a desenvolver esse transtorno, afinal todos temos questões pessoais e compromissos a serem cumpridos em meio aos muitos afazeres do final de ano. No entanto, estudos mostram que pode ser mais comum entre os seguintes grupos:
- Pessoas que já possuem algum transtorno emocional;
- Mulheres adultas;
- Pessoas que moram mais ao norte do planeta;
- Pessoas com histórico familiar de transtorno sazonal.
Como lidar com a “dezembrite”?
Assim como as causas do Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) variam de indivíduo para indivíduo, o tratamento também irá depender dos motivos que estão deixando a pessoa triste. Existem angústias mais simples que podem ser resolvidas com uma conversa profunda, e questões mais complexas que exigem um acompanhamento médico especializado.
No geral, é importante não se cobrar demais, passar o período de festas com pessoas que você realmente gosta, realizando atividades que lhe tragam motivação e prazer, sem exceder seus próprios limites.
Ao mesmo tempo, permita-se vivenciar momentos especiais. Muitas vezes somos tomados pela ansiedade e angústia da saudade do ontem e do medo do amanhã, e esquecemos que o único momento que podemos controlar é o agora.
Se você sente que a tristeza e a angústia te impedem de celebrar os bons momentos da vida, busque apoio especializado. Você pode agendar uma consulta em nosso instituto. Estamos prontos para te apoiar sempre que precisar.
O Instituto de Psiquiatria Paulista deseja a todos um Feliz Natal e um Próspero 2023!