Setembro é o mês dedicado à campanha mundialmente conhecida como “Setembro Amarelo”, que visa conscientizar sobre a prevenção do suicídio, um tema de extrema importância que merece nossa atenção. Por isso, diversas campanhas e ações de conscientização sobre o tema são realizadas para quebrar tabus e encorajar as pessoas a buscar ajuda.
No entanto, em 2022, o Brasil enfrentou um aumento significativo no número de suicídios em comparação com o ano anterior. De acordo com os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados 16.262 casos em 2022, uma média de 44 por dia, em comparação com os 14.475 casos em 2021, representando um aumento de 11,8%.
Esses dados preocupantes também refletem na taxa proporcional de suicídios. Em 2021, o Brasil apresentava uma taxa de 7,2 suicídios por 100 mil habitantes. Já em 2022, essa taxa subiu para 8 por 100 mil habitantes. Esses números são, sem dúvida, um alerta para a crescente necessidade de atenção e ação em relação à saúde mental no país.
O suicídio, é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e representa um problema de saúde pública global. Neste cenário, o Setembro Amarelo assume um papel ainda mais crucial na conscientização e na busca por soluções para preveni-lo.
O que é o Setembro Amarelo?
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, a campanha teve início em 2015, como uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
A campanha busca quebrar o tabu sobre o suicídio e aumentar a conscientização sobre os sinais de alerta e como ajudar alguém que está passando por um momento difícil. Ao mesmo tempo, durante o mês de setembro, são realizadas diversas ações para conscientizar a população sobre o suicídio, como palestras, workshops, eventos e campanhas nas redes sociais.
Por que a cor amarela?
A escolha da cor amarela para representar o Setembro Amarelo foi inspirada na história de Mike Emme, um jovem de 17 anos que cometeu suicídio em 1994, nos Estados Unidos. De acordo com seus pais e amigos, ele era apaixonado por carros e possuía um Mustang 1968 amarelo. No dia do seu velório, a família distribuiu fitas amarelas com a mensagem “Se você precisa, peça ajuda”.
A iniciativa de seus pais e amigos foi um sucesso e ajudou a chamar a atenção para o problema do suicídio. Desde então, a cor amarela passou a ser associada à prevenção do suicídio em todo o mundo. Além disso, o amarelo é uma cor que representa a esperança e a positividade, o que é importante para uma campanha sobre saúde mental.
Sinais de alerta para o risco de suicídio
Acreditar que pessoas que têm pensamentos suicidas não falam sobre isso é um equívoco. Portanto, devemos levar a sério todos os sinais de alerta que possam indicar que alguém está pensando em suicídio.
É fundamental notar que esses sinais não devem ser analisados isoladamente, pois não existe uma fórmula definitiva para identificar uma crise suicida em alguém. No entanto, se muitos desses sinais se manifestarem ao mesmo tempo, isso deve chamar a nossa atenção.
Além disso, é necessário observar o aparecimento ou agravamento de problemas de comportamento ou manifestações verbais durante pelo menos duas semanas. Esses indicadores não devem ser vistos como ameaças ou chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real. Alguns dos sinais de alerta incluem:
Preocupação com a própria morte ou falta de esperança
Pessoas em risco de suicídio podem falar sobre morte e suicídio, confessando sentimentos de desespero, culpa e baixa autoestima.
Elas geralmente têm uma visão negativa de sua vida e futuro. Nesse meio tempo, elas também podem expressar essas ideias verbalmente, por escrito ou por meio de desenhos. Em alguns casos, podem elaborar um testamento ou adquirir um seguro de vida.
Expressão de ideias ou intenções suicidas
Fique atento para comentários como:
- “Vou desaparecer.”
- “Vou deixar vocês em paz.”
- “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.”
- “É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”
Isolamento social
Pessoas com pensamentos suicidas podem isolar-se, evitando pessoas, redes sociais e até mesmo cancelando atividades que costumavam gostar.
Além disso, outros fatores, como exposição a situações de estresse, discriminação, agressões, entre outros, podem aumentar a vulnerabilidade de alguém ao suicídio, especialmente quando estão associados a esses sinais de alerta.
Portanto, é fundamental que possamos prestar atenção a esses sinais e oferecer apoio às pessoas que podem estar passando por momentos difíceis.
Como ajudar uma pessoa sob risco de suicídio
Quando alguém próximo manifesta pensamentos suicidas, é natural nos sentirmos perdidos ou impotentes, mas saiba que existem ações que você pode tomar para oferecer ajuda. Aqui estão alguns passos importantes a serem seguidos:
1. Escolha o momento e o local adequados
Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para abordar o assunto do suicídio com a pessoa. Deixe-a saber que você está disponível para ouvir, esteja presente e ofereça seu apoio.
2. Incentive a busca por ajuda profissional
Encoraje a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde mental, de emergência ou apoio em instituições públicas. Além disso, ofereça-se para acompanhá-la a uma consulta, se necessário.
3. Não a deixe sozinha em casos de perigo iminente
Se você acredita que a pessoa está em risco imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde e entre em contato com alguém de confiança, conforme indicado pela própria pessoa.
4. Garanta um ambiente seguro
Se a pessoa vive com você, assegure-se de que ela não tenha acesso a meios para causar danos a si mesma, como pesticidas, armas de fogo ou medicamentos.
5. Mantenha o contato e cuide além do Setembro Amarelo
É fundamental manter contato com a pessoa para acompanhar como ela está se sentindo e o que está fazendo. Não devemos esquecer que essa responsabilidade não se limita ao mês de Setembro Amarelo, mas deve ser uma prática contínua ao longo de todo o ano.
É uma responsabilidade de todos oferecer apoio a alguém que está enfrentando pensamentos suicidas. Afinal, oferecer apoio e recursos é essencial para ajudar alguém a superar esse momento difícil.
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Setembro Amarelo: tratamento médico na prevenção do suicídio
Muitas vezes, pessoas que enfrentam pensamentos suicidas estão passando por problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade. Nesse sentido, a medicação desempenha um papel importante na ajuda a essas pessoas. Aqui estão alguns motivos pelos quais a medicação é tão essencial na prevenção do suicídio:
1. Estabilização do equilíbrio químico
Muitas pessoas que consideram o suicídio enfrentam desequilíbrios químicos no cérebro, que contribuem para transtornos mentais como depressão e ansiedade. Como resultado, a medicação psiquiátrica é projetada para restaurar esse equilíbrio, aliviando sintomas debilitantes.
2. Possibilidade de resposta eficaz
Em situações de crise, a medicação fornece uma resposta terapêutica mais rápida do que outras formas de tratamento. Assim, ajuda a reduzir o sofrimento e a tratar as causas do pensamento suicida.
3. Suporte à terapia psicológica
O tratamento com medicação frequentemente complementa a terapia psicológica. Juntos, eles formam uma abordagem abrangente para abordar não apenas os sintomas, mas também suas causas subjacentes.
4. Prevenção de recaídas
Além de aliviar os sintomas, a medicação psiquiátrica desempenha um papel essencial na prevenção de recorrência de pensamentos e comportamentos suicidas. Isso ocorre porque ela ajuda a manter a estabilidade emocional e a resiliência a longo prazo.
5. Personalização e monitoramento
Profissionais de saúde mental prescrevem medicação de forma personalizada, ou seja, consideram as necessidades únicas de cada paciente. Eles monitoram e ajustam continuamente o tratamento a fim de garantir sua eficácia e segurança.
6. Apoio constante
Além de prescrever a medicação, os médicos oferecem informações sobre seu uso adequado, efeitos colaterais e interações medicamentosas. Ao mesmo tempo, eles estão disponíveis para responder a perguntas e oferecer apoio emocional durante todo o processo.
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Onde buscar ajuda
Em casos de emergência, você pode obter ajuda por meio dos seguintes recursos:
Serviços de Saúde
CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).
Emergência
Emergência SAMU 192, UPA, Pronto Socorro e Hospitais.
Centro de Valorização da Vida – CVV
Além disso, o CVV também disponibiliza um canal de atendimento para emergências: 141 (ligação paga) ou www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita.
Ligação 188 gratuita no Estado do Rio Grande do Sul, em parceria com o SUS e o CVV (para demais
estados, consulte calendário de implantação da linha gratuita em www.cvv.org.br ou www.saude.gov.br).
Setembro Amarelo: conte conosco o ano todo
Assim como em muitas situações, o suicídio é uma questão complexa e multifacetada que pode afetar profundamente todas as áreas da vida de uma pessoa.
A conscientização e as abordagens terapêuticas apropriadas ajudam aqueles que enfrentam pensamentos suicidas a encontrar caminhos para a recuperação e a superação dos desafios.
Estamos aqui para ajudar você ou alguém que você conhece que está passando por momentos difíceis relacionados à saúde mental e busca apoio. Para agendar uma avaliação ou obter mais informações sobre como podemos fornecer o apoio necessário, entre em contato conosco via WhatsApp ou através do telefone (11) 3262-3468.
Por fim, lembramos que a prevenção do suicídio é uma responsabilidade que vai além do Setembro Amarelo, e compartilhada e que o apoio, o entendimento e o tratamento adequados desempenham um papel fundamental na jornada para a recuperação e a saúde mental.